Certa vez eu estava conversando sobre escolhas com um grande amigo e soltei a frase: “Ser adulto podia ser mais fácil”, ao que ele me respondeu: “Penso se não somos nós que complicamos às vezes.”
Após esse episódio, lendo o livro “No coração da vida – Sabedoria e compaixão para o cotidiano” da autora Jetsunma Tenzin Palmo, editora Lúcida Letra, encontrei o seguinte trecho:
“Durante a Revolução Cultural no Tibete, muitos lamas[mestres budistas] foram enviados para prisões e campos de trabalho forçados por dez, vinte anos ou mais. Eram abusados, torturados e interrogados continuamente. Se sobrevivessem, seria justo que saíssem completamente traumatizados, doentes e amargos. Sem dúvida, alguns tibetanos que passaram por essa experiência saíram traumatizados. Mas podemos encontrar lamas que passaram por experiência terríveis e, longe de se sentirem oprimidos, são alegres e transbordam felicidade interior. Conheci um grande mestre (…) e comentei: “Seus vinte anos de prisão devem ter sido muito difíceis.”
“Ah, não, não. Foi como um retiro!”, disse rindo. “Você sabe, eles ainda nos davam comida!”
Outro lama me disse: “Sou muito grato pela oportunidade. De fato aprendi o que é a compaixão. Antes, compaixão era apenas uma palavra debatida nas escolas filosóficas. Porém, quando você se depara com alguém que só quer lhe prejudicar, aí surge a questão de saber se você irá cair no ressentimento e no medo, ou se irá superar e sentir amor e compaixão extraordinários por seu algoz”.
Quaisquer que sejam as circunstâncias externas, ao final, a felicidade ou a infelicidade dependem da mente.
Não somos monges tibetanos, mas podemos escolher como encaramos as situações por mais difíceis e complicadas que pareçam ser. Pois no fim das contas, depende de nós definir por qual ponto de vista vamos olhar para essas situações.